segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Antes do início

Odeio apresentações, tanto como odeio despedidas, nunca sei que palavras usar ou mesmo o que posso falar. São tantas possibilidades, sentimentos, que parece que o silêncio muitas vezes acaba sendo mais viável.
Uma vez me disseram, que uma das coisas que o homem deve fazer antes de morrer é escrever um livro (err... não me recordo das outras duas), e comecei a considerar essa idéia apos ler meu primeiro livro de S. King (você não?). Como alguém pode não ficar encantado com as possibilidades que se tem ao elaborar um conto? As únicas coisas que necessárias são de um pedaço de papel e uma caneta e você poderá brincar de ser deus.

Em meu primeiro post, trago a vocês, meu primeiro conto, o qual escrevi no auge duma noite, a quase um ano atrás. O titulo é "Bad moon rising", em homenagem a música do Creedence, e talvez também ao filme "Um lobisomem americano em Londres", embora meu conto não fale sobre os caninos. Alias a segunda coisa que deverá fazer antes de morrer é assistir a esse filme.

Bom, creio que já ocupei seu tempo demais. Antes que me perca ainda mais em meio as entrelinhas, encerrarei com as palavras do Zé do Caixão:



"O que é a vida?
É o princípio da morte.
O que é a morte?
É o fim da vida.
O que é a existência?
É a continuidade do sangue.
O que é o sangue?
É a razão da existência."


Bad Moon Rising
por: Dionatan Cordova

Batia com a mão direita na porta de madeira.
Como resposta obteve um longo silêncio, que era quebrado apenas pelo barulho da eletricidade vinda dos postes de luz. Não havia carros, não havia pessoas, não havia vida...
A rua era bem iluminada, até de mais, pensou o homem que vestia calças jeans pretas e jaqueta de couro.
Seu único conforto provinha do prédio da frente. Havia luz ligada nos apartamentos, e se prestasse atenção perceberia as televisões ligadas, assim como risos.
Batia novamente na porta, e como antes não recebera nenhuma resposta. Sua mente mandava dar meia volta e ir para seu apartamento, para sua namorada. Mas precisava fazer isso, não possuía escolha.
Com as mãos tremulas, girou a maçaneta, na esperança de que estivesse aberta (como ele queria que estivesse trancada).
Passava pelo que parecia uma sala, o chão rangia com os passos de suas botas. Estava escura, embora que a lâmpada estivesse acesa. Sobre a mesa havia uma pizza de calabresa intacta e quentinha, pronta para ser devorada.
Suas suspeitas estavam começando a se concretizar, fora tudo preparado para a sua chegada.
(Volte! Vá beber em casa, vá para um bar e encha a cara, mas saia daí!)
Havia um velho rádio Philips em cima duma estante, ao lado da televisão 21 polegadas.
A idéia da televisão se ligar sozinha, o assustara a ponto de o deixar arrepiado, queria parar, mas suas pernas não correspondiam, continuava a caminhar em direção a cozinha.
Não era a televisão que se ligava sozinha, e sim o rádio. Podia ouvir uma antiga canção do Aerosmith.
A canção dizia “Run away, run away from the pain” e ficava repetindo isso como um velho LP riscado.

Estremeceu, sentia-se uma criança de 10 anos, reclamando de ter visto um filme de terror, pedindo para conseguir dormir enquanto está escondida em baixo das cobertas.
Havia mais uma porta, sentiu-se em um labirinto, sem saber o que fazer, chegando a não ousar olhar para trás. Nos filmes, sempre que o personagem olha para trás, há algo esperando para matá-lo.
(... Janie got a gun...)
Abriu a porta.
Havia uma lâmpada sobre sua cabeça que iluminava o lugar.
(Ótimo, ela está acessa! E o idiota, continua caminhando.)
Descia alguns degraus segurando-se no corrimão.
A luz se apagou, quando ele pusera seus pés fora dos degraus. Estava tudo escuro, não havia janela naquele lugar. Estava quente, queira tirar sua jaqueta, mas não conseguia, era como se fosse criança novamente, só que em vez da coberta, estava enrolado em uma maldita jaqueta.
Ouviu um barulho, não sabia do que vinha, será uma pessoa ou um (monstro) simples rato.
O silêncio que provinha depois o assustou, tentou “catar” algo que servisse de arma, um taco de beisebol ou até mesmo um espeto, mas a única coisa que conseguiu foi derrubar algo, supostamente de vidro que fez um barulho estrondoso ao se chocar com o chão de madeira.
Teve a sensação de haver algo atrás dele, virou se rapidamente, mas nada.
(Nunca de as costas para o inimigo)
A criatura estava em sua frente o tempo todo, e ele não percebeu. Agora Jason estava estirado no chão, ainda consciente. Estava morrendo, sabia disso.
Antes de morrer, pode ouvir o rádio mais uma vez... Era a voz de John Fogerty cantando...
“-Don't go around tonight, well, it's bound to take your life, there’s a bad moon on the rise.”